Depressão: papel da família e amigos

Família, amigos e rede de apoio do indivíduo têm grande importância no tratamento da depressão: pode ajudar ou atrapalhar.

A depressão atinge mais de 300 milhões de pessoas em todo mundo, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), e será a primeira maior causa de incapacitação para o trabalho até 2020. A OMS estima que as perdas geradas sejam da ordem de 1 trilhão de dólares ao ano. No Brasil estima-se que o número de deprimidos seja acima de 12 milhões de pessoas, de todas as idades e classes sociais, sendo que metade não está sob nenhum tratamento. Portanto, não é mais possível tratar a depressão como algo banal e que atinge pessoas preguiçosas e desmotivadas. É importante ressaltar um ponto: o deprimido tem grande sofrimento com o que está se passando com ele e a rede de apoio, com destaque para a família, é fator fundamental para a melhora ou, infelizmente, para a piora do quadro clínico.

A depressão é originada por um conjunto de fatores com múltiplos sintomas. A tristeza tem uma causa definida e tende a cessar ao longo do tempo ou quando cessa a causa que a originou. Pode-se ficar triste por não passar em uma prova de vestibular ou por ver seu time de futebol perder a final do campeonato, mas esse quadro vai perdendo força e desaparece. A tristeza pode, no entanto, ser um sintoma da depressão, assim como irritabilidade, falta de ânimo, culpa, apatia, cansaço, afastamento do convívio social, perda ou aumento do apetite, pessimismo, desesperança, insônia, despertar precoce, pensamento recorrente com ideação suicida (ou não) e outros mais. Por isso é preciso uma avaliação profissional para o correto diagnóstico.

Família, amigos e rede de apoio do indivíduo têm grande importância no tratamento da depressão: pode ajudar ou atrapalhar. No Brasil, estima-se que 65% dos integrantes de uma família não sabem o que é a depressão, nem como lidar com ela. E isso pode atrapalhar muito, pois quem está deprimido acaba ouvindo palavras de ordem que a colocam ainda mais para baixo. É comum a depressão ser classificada como frescura, preguiça, bobagem, fraqueza moral, falta do que fazer, vagabundagem e que pode ser curada pegando uma enxada e capinando, trabalhando duro ou, ainda, simplesmente saindo de casa e indo a festas. Essas palavras e sugestões em nada contribuem para a melhora do deprimido e só agravam seu estado de saúde. Depressão é uma doença e deve ser encarada e tratada como tal. A família normalmente percebe que a situação é grave quando há um episódio de suicídio ou de tentativa deste. Aliás, o suicídio tem a depressão como uma de suas principais causas.